sexta-feira, 27 de maio de 2011

John Donne

Para encerrar a semana, convocamos a apimentada poesia de John Donne:

Elegia: Indo para o leito

Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente

A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Hoje, Fernando Pessoa

O poeta homenageado dessa segunda-feira é um e muitos: O grande Fernando Pessoa!





"Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando despertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são
Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida".









E para quem não ouviu, o programa reprisa 23:30 na rádio Educadora FM.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Poetas Grapiunas

Nos últimos programas do Minutos de Poesia, contamos um pouco da vida e obra de poetas grapiunas, que são, como bem explica o nosso roteirista Paulo Trocoli:

Poetas que nasceram na região cacaueira e que possuem uma forte tradição na literatura brasileira com autores como Jorge amado, Jorge Medauar, Sosígenes Costa, Firmino Rocha, Adonias Filho, Hélio Pólvora, Telmo Padilha, dentre outros!

Para quem ficou curioso e quer escutar mais poemas destes incríveis artistas baianos, fiquem ligados na 107.5 FM, todos os dias às 11h30min ou às 23h30min! Quem sabe você não conhece um pouco mais da vida e obra de poetas grapiunas?

terça-feira, 17 de maio de 2011

Estréia

E o Minutos de Poesia estreou nesta segunda-feira, às 11h30min, na 107.5 Rádio Educadora FM! O primeiro programa, apresentado por Gideon Rosa e Lara Couto, contou com a maravilhosa participação do ator Harildo Deda!

Para os amantes de poesia e os curiosos que apreciaram a interpretação de Harildo Deda e gostariam de ouvir novamente o lindo Soneto XVIII de Shakespeare, fiquem atentos, os programas serão disponibilizados semanalmente, na Educadora Online!

E VAMOS DE POESIA:

18

Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza.
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há-de viver meu verso e te dar vida.

(Shakespeare)